Maduro ou Verde?


"Maduro ou Verde?" é uma pergunta frequente em restaurantes, alguns deles até bastante respeitados. Até os menus vêm com esta divisão de Vinhos Verdes e Vinhos Maduros. É um hábito de tal forma enraizado que há quem acredite genuinamente que o Vinho Verde é um estilo de vinho diferente dos demais. Não é!

Existem em todo o mundo apenas três estilos de vinho: tranquilos, espumantes e fortificados (ou licorosos). Os fortificados são por exemplo Vinho do Porto ou Xerez, os espumantes têm como exemplo mais célebre o Champagne e os tranquilos são todos os outros. Maduro ou Verde não fazem parte desta lista e é fácil perceber porquê - o Vinho Verde é uma região vinícola que se estende desde as margens do Rio Minho até à Serra da Freita a Sul e ao Marão a Este. Desta região saem alguns dos melhor vinhos portugueses, nomeadamente vinhos brancos das castas Alvarinho, Trajadura e Loureiro e ainda tintos e rosés das castas Vinhão e Espadeiro. Existe a ideia que os vinhos desta região caracterizam-se sobretudo pela acidez elevada, a presença de algum gás ou efeito de agulha resultante de uma segunda fermentação em garrafa. No entanto, nos tempos mais recentes este efeito de agulha já não caracteriza a maioria dos Vinhos Verdes. Devido à profissionalização dos produtores da região, os vinhos são cada vez mais equilibrados e o efeito de agulha ou a produção de vinho com gás residual é feito propositadamente para responder às necessidades de certos mercados e não por acidente ou por experimentação como acontecia até tempos não muito longínquos. Na verdade, nos últimos anos, os vinhos da região, sobretudo os brancos, estão entre os melhores dos que se produzem em Portugal, na Europa e no Mundo, muitos deles com capacidade de guarda e com possibilidade de evolução na garrafa.

No entanto, o hábito tão firme de tratar o Vinho Verde como um vinho diferente leva a situações um pouco bizarras, como a que assisti recentemente numa loja de produtos regionais vocacionada para turistas, onde com grande pompa se exibia, ao lado de umas boas garrafas de Alvarinho, o rótulo escrito a letras gordas "Green Wine". Fiquei com pena que o Touriga Nacional do Douro na prateleira do lado não recebesse a mesma honra com um rótulo "Gold Wine" para apelar ao turista estrangeiro.

O vinho não é verde como está bom de ver, a região de onde vem é que é. Já os maduros, ficam para outro dia.

TS

mais sobre a região Vinho Verde: https://www.vinhoverde.pt/