Cheirar a rolha


Estamos num restaurante, escolhemos um vinho, o empregado de mesa abre o vinho à nossa frente e dá-nos a rolha para a mão. Um ritual comum passa por observar e cheirar a rolha, mas com que fim? O que é suposto ver ou cheirar na rolha? Em resumo: quase nada! 

O gesto de dar a rolha para a mão é uma prática que teve origem em França algures no século XVIII numa altura em que se assistia a uma vaga de vinhos falsificados e garrafas com conteúdo adulterado. Como normalmente existe uma referência na rolha com o nome do vinho ou do produtor, o consumidor consegue facilmente verificar que a rolha corresponde ao rótulo e assim despistar qualquer possível caso de adulteração ou falsificação da garrafa.

Apesar de ser este o principal motivo, há quem admita que a rolha é um bom indicador da existência de defeitos no vinho. Por exemplo uma rolha podre ou com manchas de bolor é a indicação que houve passagem de ar para o interior da garrafa, no entanto esses defeitos são muito mais evidentes no vinho do que na rolha. Ou seja, até é possível que a rolha esteja perfeita e o vinho não, a relação entre o estado da rolha e o estado do vinho não é linear.

Outra indicação que a rolha nos dá é se o vinho foi guardado na vertical ou na horizontal. Se a rolha estiver húmida a probabilidade é que o vinho estivesse guardado na horizontal antes do serviço. Ainda assim não há a garantia de que um vinho com uma rolha seca esteja estragado, a prova dos nove faz-se sempre no copo.

Por isso o que fazer à rolha da próxima vez? Dar uma vista de olhos mas não confiar cegamente no estado da rolha para avaliar o estado do vinho, é mais fácil e seguro fazer essa avaliação no copo. Outras hipóteses passam por guardar a rolha como recordação ou ainda usa-la para tapar a garrafa se sobrar algum vinho.

TS