Especial - Cismeira

De Vale d'Açor, em pleno planalto de São João da Pesqueira, bem no coração da região demarcada do Douro, saem as uvas que dão origem aos vinhos Cismeira - uma marca que teve bastante relevo durante os anos 80 e 90 e que agora procura uma nova vida. O portfólio da Cismeira inclui um Branco Colheita, um Branco Reserva e um Tinto Reserva. Vinhos bastante diferentes e pensados para momentos diferentes.

Respeitando a ideia de harmonizar os vinhos não só com o prato mas também com o momento, decidimos começar pelo Scarpa da Cismeira- Tinto Reserva de 2017 numa altura em que nos encontrávamos em viagem pelo Douro e paramos num dos mais reconhecidos restaurantes de São João da Pesqueira, o Cais da Ferradosa, localizado junto à margem do rio Douro e instalado num antigo armazém da CP transformado em restaurante. Foi um almoço a dois na esplanada virada para o Douro, numa tarde de verão em que o silêncio era quase absoluto. O pernil no forno pedia um vinho tinto, forte, musculado, apto a acompanhar o prato bem recheado. Dando prioridade aos vinhos locais, fomos pelo Scarpa da Cismeira Reserva de 2017, um blend de Touriga Nacional e Touriga Franca, muito aromático com notas bem vincadas de frutos vermelhos bem maduros e madeira, que na boca se mostra bastante encorpado, mas elegante e com taninos que se evidenciam bem e tornam toda a experiência muito agradável. O final é médio a longo com continuidade dos aromas de frutas maduras. O Scarpa da Cismeira Reserva 2017 é sem dúvida um vinho que se presta a pratos ricos e a almoços demorados. 

Já de volta a casa, foi tempo de experimentar ambos os brancos. Começamos pelo Branco Colheita de 2019, numa tarde de verão que pedia um acompanhamento refrescante. Pensamos que um vinho do Douro com uvas plantadas a 600 metros de altitude podia conter a frescura que se pretendia. Foi aposta ganha. Aromático, fresco, ácido, e vibrante, tem todos os ingredientes certos para se evidenciar como um bom vinho branco duriense. Feito com as castas Códega do Larinho, Viosinho, Gouveio e Verdelho, resulta num conjunto muito equilibrado e elegante. Tem potencial de guarda, mas pode ser consumido já. Foi provado a solo, mas podia muito bem ter acompanhado peixe grelhado, queijo ou carne branca.

Para finalizar a prova dos Cismeira, abrimos para um almoço de bacalhau cozido, num domingo em que sentimos saudades do natal, o Cismeira Branco Reserva 2019, que após algum tempo para respirar, mostrou-se muito vigoroso com aromas ricos de madeira, algum mineral e floral. Na boca notou-se seco, de acidez média e algo corpolento, mas sedoso e com um final longo. Um vinho muito gastronómico que pede sem dúvida uma refeição um pouco mais consistente. Deixou boas memórias e no final pouco sobrou na garrafa - o que é um bom indicador do quanto gostamos deste vinho.

O portfólio de vinhos da Cismeira adapta-se muito bem a diferentes momentos. Desde o branco seco para uma tarde de petiscos, passando pelo branco reserva amadeirado para acompanhar pratos de peixe, até ao tinto vincada e orgulhosamente duriense que se mostra apto para as aventuras gastronómicas mais consistentes. O Le Wine Bug propõe um harmonizador dos diferentes vinhos para alguns pratos das mais variadas gastronomias para que a escolha do melhor Cismeira para cada momento seja fácil. Já a forma mais eficaz de encontrar os vinhos Cismeira é provavelmente visitando a loja online do produtor.